Aprenda como preparar arquivos para impressão de forma correta e evite erros com estas dicas de produção gráfica.

1- Jamais utilize arquivos de imagens, preenchimentos ou contornos em RGB
O processo de impressão gráfica offset ou flexografia utilizam o sistema de cores CMYK (em português C Ciano, M Magenta, Y Amarelo e K Preto, que são as cores substrativas).
Para realizar a impressão as cores em RGB (R Vermelho, G Verde, B Azul) são convertidas pelo software automaticamente para CMYK, e essa conversão não é fiel, pois a gama de cores alcançada pelo RGB é bem maior que no CMYK.

Por isso quando você mandou aquele material com um azul royal lindão em sua tela, ou aquele verde limão vivo, se surpreendeu ao receber um impresso roxo e outro com um verde inexplicável que deu vontade de chorar. Outro defeito comum causado pelo RGB é o desencaixe de cores em textos pretos com fontes pequenas.
Para evitar o problema peça uma dica para sua gráfica para configurar o perfil de cores do seu software.

Dica:
O Azul Royal e o Verde Limão não podem ser convertidos com fidelidade para CMYK.
Para obter um Azul Royal aproximado nós utilizamos C100% M75% Y0% K0% e para o Verde Limão C60% M0% Y100% K0%.
Faça um teste para mais ou para menos e veja o que mais lhe agrada.


2- Não utilize imagem em baixa resolução
Normalmente as imagens baixadas na internet tem a resolução reduzida para 72 dpi para facilitar a navegação e melhorar a visualização em monitores. Porém, a qualidade necessária para uma boa impressão é de 300 dpi, caso contrário as imagens perdem a definição, ficando embaçadas ou “pixadas”, com uns quadradinhos nas bordas.
Aqui a dica é, ao baixar arquivos da internet com 72 dpi, importar para o software de edição (Corel, Photoshop, Illustrator) e reduzir a imagem para 24% do tamanho original, ou seja, se a imagem tiver 10 cm o tamanho máximo que você poderá utilizá-la é 2,4 cm.
Atenção: o padrão de cor utilizado na internet é RGB.

3- Word, Power Point, Excel não são programas de editoração gráfica
Estes programas são muito úteis para elaborar um rascunho do trabalho, ou reunir as informações, porém eles não são capazes de compreender o CMYK nem controlar a resolução das imagens, por isso não é aconselhável gerar impressos a partir deles. O ideal é converter para um programa editorial como o Corel, Illustrator, Indesign ou Photoshop.

4- Preserve uma margem de segurança

Textos e imagens que não serão refilados devem ficar a uma distância mínima de 3 mm da borda do papel para impressos com menos de 8 páginas e acima de 7 mm se tiver mais páginas. Isso se faz necessário por diversos motivos:
Estético: nada mais feio que um texto grudado na borda de um folheto sem necessidade.
Variação de máquina: o processo gráfico está sujeito a inúmeros incidentes, como equipamento desrregulado, pouco preciso (manual ou semi-automático) ou mesmo falha humana. E como o material é refilado de uma só vez, o serviço é arruinado imediatamente sem chance de reparação devido a falta de margem, gerando, prejuízo financeiro e de tempo.
Técnico: o cortador pode optar por fazer o refile em local diferente do especificado em alguns casos especiais, para isso a margem é de extrema importância. Por exemplo: quando um impresso com acabamento de dois grampos tem muitas páginas, é natural que as lâminas centrais “saiam” para fora das linhas de cortes, criando o “efeito escadinha”. Não deixe imagens, tarjas, números de páginas ou textos muito próximos das laterais, para que elas não sejam cortadas no refile final do material. A Gráfica que irá realizar a impressão pode lhe informar o quanto de margem em cada lateral você deverá manter na editoração do trabalho.

5- Sangre seu documento

A área de sangria, ou sangra, é necessária para facilitar o refile e melhorar o acabamento do material gráfico. Nada mais é que exceder a área final do impresso em alguns milímetros (mesma regra da margem de segurança). Sangre inclusive as imagens, assim você vai evitar que seu material venha com uma bordinha branca ou que venha alguma coisa indevidamente cortada pois a gráfica foi obrigada a cortar seu material um pouco para dentro.

6- A tonalidade certa do preto
Os desavisados podem se surpreender com a tonalidade de chapados pretos em seu impresso. A tinta preta sozinha não é capaz de dar uma boa cobertura no papel. Para resolver o problema basta calçar o preto com 30% de ciano. Mas lembre-se, caso existam textos com fontes menores de 12 pt no chapado você deve fazer o “trap”, que é colocar um contorno de 0,2 mm com apenas preto nas fontes, evitando assim entupimento das letras.
Nunca utilize C100M100Y100K100. Esta carga de tinta excede o limite de absorção do papel e gera entupimento. A carga máxima aceitável pelo papel é de é de 320%.
Uma boa negritude pode ser conseguida através da fórmula C75M68Y67K90, que e um preto denso e balanceado, porém você deve avaliar com sua com sua gráfica se esta é a melhor alternativa, principalmente se a área coberta for muito grande ou com textos em cima da área. Podem surgir outros problemas, como secagem e registro. Neste caso o trap (0,35 mm) é indispensável para evitar o entupimento de textos pequenos.

O preto também pode apresentar resultados indesejados quando aplicados em degradês. Na transição entre as cores ele pode ficar opaco.
Neste caso você deve “calçar” o preto com a mesma porcentagem da cor do lado oposto. Exemplo: o degradê vai do preto (K100) para o verde (C100Y100), o correto é utilizar no preto C100Y100K100. A dica também é válida para efeitos de sombras.

7- Sombra, efeitos, texturas e afins
Este é um terreno perigoso. Algumas vezes você utiliza, gera o pdf e não tem problema nenhum. Outra hora você vai fazer a exatamente a mesma coisa e…desastre. A transparência inverte, a sombra fica toda quebrada e outras anomalias que ninguém sabe de onde vêm.
Utilize transparências, sombras, blur, e afins, sem moderação, mas ao finalizar, converta tudo o que tiver efeito em bitmap CMYK 300 dpi, só depois envie para gráfica ou gere o pdf.

8- Escreveu não leu…
Leia e releia os textos digitados em seu trabalho. Em tempos de internet é comum as pessoas serem desleixadas em relação aos textos, pois na internet é possível corrigir. Em gráfica o buraco é mais embaixo.
O que fazer com 5.000 catálogos com um erro bobo de português, de quem é a culpa, quem vai pagar? É interesse tanto do cliente final, quanto da agência ou designer que o material saia correto, por isso a responsabilidade é de ambos.
Para pegar estes deslizes que insistem em escapar da nossa vista IMPRIMA uma cópia (se possível em tamanho original) e leia em voz alta procurando erros gramaticais e verificando as concordâncias. Em uma segunda leitura leia pausada, silabicamente e em voz alta, EN-FA-TI-ZAN-DO CA-DA SÍ-LA-BA, E-VI-TA-DO CO-MER U-MA OU OU-TRA LE-TRI-NHA (opa comi um n lá atrás) assim você evita que seu cérebro leia automaticamente o texto ignorando os erros de português. Por fim peça à uma terceira pessoa (que não tenha lido e que não esteja muito ocupada) para ler o texto, por incrível que pareça, são os que mais encontram.

9- Textos sempre em curvas
Sempre converta seu texto em curvas para enviar o arquivo para gráfica, inclusive dentro de powerclips e máscaras. Após a conversão dê uma busca automática para se certificar que não ficou nenhum texto para trás e ainda cheque novamente em propriedades do arquivo no menu arquivo. Assim a fonte não será trocada por outra acidentalmente, fazendo o texto “correr” ou ficando em um estilo diferente.

10- O PDF é seu amigo
Se você fez tudo direitinho, prefira enviar o arquivo em PDF. Só tome o cuidado de gerar o arquivo em 300 dpi, cores em CMYK, com sangria, marcas de corte, escalas, registro, e se você incorporar as fontes nem é necessário convertê-las em curvas. Se possível mande um boneco junto. É a forma mais segura de enviar um arquivo para a gráfica.
Dica para quem usa Corel: não deixe textos ou objetos por baixo de imagens transparentes para gerar os arquivos em pdf, eles são convertidos para bitmap e ficam com uma aparência péssima. Jogue-os para cima das imagens, ou, caso não seja possível, converta em bitmap manualmente.

11- Dica bônus
Se você não entendeu nada do que foi dito neste post, procure uma agência, designer gráfico ou mesmo uma gráfica para fazer arte final do seu material e se certifique que eles saibam de tudo isso. Não é vantagem nenhuma economizar na elaboração da arte final e receber um impresso pavoroso que você não vai ter coragem de entregar ao seu cliente.

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